Um dia, refletindo sobre o poder que o capitalismo exerce na nossa sociedade, fiz-me o seguinte questionamento: "E se a partir de hoje eu passasse a adquirir tudo o que as propagandas me oferecem?!" Seria no mínimo cômico, pra não dizer ridículo.
Ao ler o jornal de manhã cedo, a primeira coisa que eu faria após percorrer os anúncios principais seria correr para uma concessionária para comprar um carro, pois lá está escrito que eu preciso de um. No caminho para a loja, eu me depararia com vários panfletos que tentariam me convencer de que eu preciso de um apartamento, de um curso de redação, de pneus novos para o meu carro, de milhares de eletrodomésticos e até mesmo de uma consulta com um acupunturista. O vendedor de carros certamente conseguiria de mim a compra de vários equipamentos acessórios, um som potente, vidros anti-impacto, bancos de couro e tudo o que torna um carro muito mais do que ele simplesmente foi feito para ser.
A minha perdição completa seria se eu ousasse assistir a pelos menos um minuto de televisão local. Eu teria de ir correndo para o centro da cidade para adquirir novos materiais de jardinagem, uma peça de granito para a bancada da cozinha, ingressos para um show de forró, roupas para mim, para minha família e para o meu cachorro. Ah, o cachorro provavelmente eu já o teria adquirido certamente por causa de uma outra investida publicitária. À noite eu estaria exausto e frustrado, pois um dia não fora o suficiente para comprar tudo o que eu li que precisava...
Bem, felizmente, eu posso escolher, discernir, dizer não, para desespero de milhares de vendedores. Eu não quero tudo. Aliás, eu não preciso de nada. Pois o cristão é aquele que não se preocupa com as coisas deste mundo, não se deixa escravizar por nada nem por ninguém, pela graça de Deus. Neste tempo que antecede o Natal, sugiro que tenhamos atenção redobrada, pois o comércio entra em ebulição, enquanto o nosso coração deve silenciar para bem viver o tempo do Advento.
