quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Pessoas

Saí por aí. Terço na mão, tênis no chão. Fazer uma caminhada? Não. Acho que eu somente queria ver. Ver a cidade, as pessoas, os animais, as plantas. Eu não tinha a intenção de ser visto. Mas o terço na mão chamou a atenção. O primeiro foi um retirante do interior do Ceará. Roupas claras, sujas, marcadas pelo suor e pela luta. Disse que era muito difícil ver um jovem com um terço na mão. Na sua havia uma sacola que carregava, tudo o que tinha para sobreviver. Simpatia, coisa rara de ver. Ele não tinha roupas bonitas, nada a me oferecer. Mas a sua companhia, mesmo que efêmera, pois só durou alguns segundos, enriqueceu o meu entardecer. Senti-me motivado a caminhar mais. Um quarteirão depois, um jovem surgiu questionando o que significava aquilo. Eu não entendi. Mas é claro! Era o terço na minha mão. Respondi-lhe que era uma forma de meditar a vida de Cristo e sair um pouco da loucura do meu dia. Ele não acreditava no terço. Era protestante. Argumentou algumas coisas. Mas não me demoveu a ideia de seguir adiante. Era realmente muito interessante conhecer a opinião de quem se aproximasse de mim. Não apressei o passo. Acho que não perdi nem mesmo uma caloria sequer. Eu perdi, aprendi outras coisas. Perdi o medo dos outros, aprendi com quem não teve medo de se aproximar de mim. As ruas contém as pessoas. As pessoas fazem as ruas. O que importa mesmo é que são sempre pessoas, homens e mulheres que apenas saem por aí.

Um comentário:

  1. Tem certas coisas que só se experimenta quando não se anda de carro... :D pessoas na rua e calçadas e plantas são algumas.

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